Salve, salve!!! Salve-se quem puder.
Estou bocejando, caindo de sono. Os dedos estão pesados, quase colados ao teclado. A playlist rola solta e devagar. Abro e fecho os olhos na velocidade de um jabuti manco.
A playlist "Preguiça boa” é uma grata surpresa. Nomes pra mim desconhecidos do cancioneiro nacional como Vitor Kley, Projota e Vitão, Melim, 1Kilo, Hotelo, Orgânico, Lourena, Jorge & Mateus me fazem ter esperança na música brasileira. Ou não...
Som na caixa, mas bem devagarinho:
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Preguiça
Garfield sabe tudo
A definição clássica deste pecado capital que tanto amamos é a seguinte:
A preguiça é a falta de vontade ou de interesse em atividades que exigem algum esforço, seja físico ou intelectual. Ela pode ser definida como a falta de ação, a ausência de ânimo para o trabalho e outras tarefas do dia a dia. O oposto da preguiça é o esforço, a força de vontade, a ação.
Há quem diga também que a Preguiça como pecado capital é definida assim: “aquela que, mesmo quando temos tempo sobrando, deixamos de fazer coisas boas em função de Deus ou do próximo.” E que esse mesmo Deus nos deu uma vida boa para que fizéssemos grandes obras, mas simplesmente desperdiçamos fazendo nada.
Na Bíblia, o livro dos Provérbios cita alguns exemplos:
· O preguiçoso deseja e nada tem, mas o desejo dos que se esforçam será atendido.
Provérbios 13:4· Observe a formiga, preguiçoso, reflita nos caminhos dela e seja sábio!
Provérbios 6:6· O preguiçoso morre de tanto desejar e de nunca pôr as mãos no trabalho.
Provérbios 21:25
Tenho preguiça de algumas pessoas, lugares, situações, narrativas, filmes, livros, trabalhos, etc.., mas pra dirigir estou sempre a postos. No momento estou lendo 10 livros ao mesmo tempo. Vou perdendo o interesse em um e começando outro, alimentando o ciclo até chegar nesta situação ridícula e improdutiva.
Séries com mais de uma temporada? Nem começo. Se tem mais de 6 capítulos dificilmente vai me pegar. Se um filme não me fisgou em 15 minutos, já largo pra lá. Sei que é perda de Tempo e este sim, é nosso bem mais valioso.
Academia de manhã cedo pra mim é algo impossível. Sou noturno, não tem jeito. Já tentei enganar meu relógio biológico sem muito sucesso, mesmo sabendo dos benefícios da prática matinal de qualquer atividade física. Não vou brigar com a Natureza.
Procrastinar
O procrastinador costuma adiar tarefas devido a causas psicológicas como transtornos de ansiedade. A falta de autoestima e segurança também são fatores que afetam a realização de tarefas, já que o sujeito evita concluir algo para não ser avaliado pela entrega.
Mas nem sempre a procrastinação é algo ruim. Já li alguns estudos dizendo que pesquisadores e cientistas, às vezes, adiam suas descobertas propositalmente. Não somente para acumular mais evidências que validem suas ideias, mas também as deixam maturar, acertam uma ponta daqui, amarram um fio solto acolá até que... EUREKA!!!
O controle remoto surgiu da preguiça de se levantar toda vez pra trocar o canal. O microondas também é fruto dela acelerando o aquecimento dos alimentos. São tantas invenções graças a essa moribunda que arrisco dizer: a Preguiça move o Mundo!
Livros sobre o assunto são fartos: criação de novos hábitos, como evitar procrastinar, 10 fórmulas infalíveis para aumentar sua produtividade, etc.. Daria uma biblioteca inteira. Gostei de “O Poder do Hábito”, mas sinceramente não me lembro de mais nada.
“Atomic Habits” é outro muito bom, mas que deixou lembranças positivas. Entre elas você quebrar as tarefas nas menores unidades possíveis tornando-as tão fáceis e simples que fica praticamente impossível não executá-las.
Segundo Walcyr Carrasco, famoso autor de novelas globais, a Preguiça é necessária. Não fazer nada é essencial para ter ideias já que a mente está relaxada e o pensamento fluindo. Apesar da ditadura da produtividade e eficiência nas empresas, os horários de ócio criativo (outro livro muito bom) são valiosos e deveriam ser incentivados ao invés de punidos.
Praia do Sono
Já estive na Praia do Sono no litoral fluminense durante um carnaval. Foi a própria definição de Preguiça. Armamos as barracas sob a sombra das castanheiras e ali ficamos por quatro dias fazendo absolutamente nada. Nem pra comer era preciso sair do lugar já que uns meninos passavam vendendo bolinhos de aipim recheados de vários sabores, outros ambulantes ofereciam cerveja ou água. Era só levantar o braço e pronto.
Os esforços que fazíamos eram dar um mergulho no mar, fazer as necessidades básicas e depois à noite ir ao forró apenas pra ouvir, eu disse ouvir, e fragar o movimento. Na única vez que inventamos moda de fazer uma caminhada pela praia que termina num rio, subimos pela encosta e nos perdemos. Demos meia volta, descendo o morro ralando pernas e bunda, até chegar de novo na areia.
De volta à origem, um bolinho e uma gelada nos refrescaram a memória de que com a Preguiça não se brinca.
O Grande Lebowski / Ethan & Joel Coen (1998)
Jeff Bridges é o cara
Jeff “the Dude” Lebowski talvez seja o preguiçoso mais famoso do cinema. Vivia em casa de roupão e chinelos, deitado no sofá bebendo white russians e fumando maconha. A Vida estava em eterno modo pause e o Dude esperando algo cair do céu e mudar seu dia, sem o menor esforço.
De repente, ele é confundido com outra pessoa e sua pacata existência é virada ao avesso. Se mete com traficantes, milionários, tarados, niilistas e gente muito bizarra da Califórnia dos anos 1990.
Talvez o Dude tenha sido inspirado no poeta sujo Charles Bukowski. Tenho um amigo cuja personalidade é a mesma do Lebowski, só que ele trabalha e bastante. Mas a personalidade e extravagância de ambos é igual. E bebe tanto quanto.
As cenas com os amigos do time de boliche, John Goodman e Steve Buscemi, já valem o filme.
Aqui uma lista de 10 filmes sobre a preguiça ou os preguiçosos, incluindo o clássico da Sessão da Tarde “Picardias Estudantis”.
Este site português listou outros 7 filmes sobre o assunto. Destes só conhecia o “Grande Lebowski”.
Veja o TRAILER:
Canoas e Marolas (Preguiça) – João Gilberto Noll
A famosa ilha deserta
A coleção Plenos Pecados deveria ser lida por todos. Nessa versão para o pecado mais inofensivo de todos, João Gilberto Noll coloca a apatia no centro como condição reveladora, e por que não, que nos define nos dias de hoje.
O escritor escolheu como cenário uma ilha comum, como tantas outras. Nela chega um homem à procura de sua filha que nunca chegou a conhecer e pouco sabe, fruto de um amor fugaz e irresponsável. O autor entrega um texto denso e poético, escrito numa praia isolada de Santa Catarina, onde Noll propõe uma metáfora do desalento que define nossa época.
O Direito à Preguiça – Paul Lafargue
Trabalhar pra que?
“Uma estranha loucura está possuindo as classes operárias das nações em que reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta na sua esteira misérias individuais e sociais que, há séculos, estão torturando a triste humanidade. Essa loucura é o amor ao trabalho, a paixão furiosa pelo trabalho, levada ao esgotamento das forças vitais do indivíduo e de sua prole.”
Este livreto manifesto de 96 páginas é uma celebração ao ócio. Publicado em 1855, esse texto irreverente e polêmico enaltece as virtudes do pecado capital e denuncia a degradação física e intelectual causada pelo trabalho.
A miséria crescente do proletariado pós-Revolução Industrial deu combustível às críticas de Lafargue.
Rolê aleatório
Quem mais fingiu ser caramujo por aí?
Ø Universidade de Hamburgo paga bolsa de € 1600 pra você ficar à toa
Ø Um bicho-preguiça escalador de postes na Colômbia
Ø Caramujos africanos infestam Ouro Fino no sul de Minas Gerais
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