Alea Jacta Est #8 - Brasil, o país do FODA-SE!!!
Estradas da Morte, Jorge Ben, a Cidade Invisível, Trabuco e Vastas Emoções
Salve, salve!!! Salve-se quem puder…
Chegamos sábado passado de férias no Brasil. Por este motivo a newsletter falhou na última sexta. Rever as famílias e amigos após tanto tempo foi bom demais, mas…
Vindo do aeroporto, fiquei chocado com a quantidade de pessoas morando nas ruas. Não me lembro de ter visto isso em BH. Consequências da pandemia, descaso dos governantes, crises econômicas, desigualdade social, etc.
Para uma melhor experiência e imersão total nessa edição, sugiro ouvir esse discaço do ainda Jorge Ben “A Tábua de Esmeralda” que você encontra confortavelmente aqui.
Escrevo mais sobre ele logo abaixo. É aquele que começa com “Os Alquimistas Estão Chegando...”.
Highway to Hell
Quando dirigir é risco de (perder a) vida
Foto: Pedro Silva (21.08.2021)
“Estrada para o Inferno”. É assim que deveria ser chamada a BR-381 que liga Belo Horizonte a Vitória. O trecho na saída de BH até Caeté poderia tranquilamente fazer parte do Rally dos Sertões tamanho o número de obstáculos, buracos, depressões e desafios aos motoristas. A sensação de dentro do carro é de estar permanentemente sentado num touro mecânico de tanto sacolejar nas curvas e retas.
Sem falar nos caminhões assassinos que jogam os monstros pra pista esquerda quando tentam desviar do resto de asfalto ondulado, esburacado, irregular e completamente exaurido da pista direita. Se o inferno fosse uma estrada ela se chamaria BR-381. Um descalabro.
Após Caeté e até a entrada de Itabira está um mel. Tudo duplicado e nas subidas temos até terceira pista justamente para acomodar as carretas lentas. A segurança e o conforto aumentam exponencialmente.
Foi ali que vi um ônibus da Gontijo. Me lembrei das tantas viagens para Joaima no Vale do Jequitinhonha feitas com meu saudoso Vovô Pedro, companheiro de aventuras.
Aquela famigerada ponte sobre o rio das Velhas logo após a saída de BH ainda está lá, com só uma pista de cada lado, desde que foi construída, provavelmente nos anos 60. Foi reformada em 2011, mas não resolveram o problema. Essa pista única consegue travar a estrada toda por pelo menos uns 30 km até chegarmos nela. Outros pontilhões e trevos malfeitos reduzem de duas para uma pista em vários pontos. Desleixo e burrice ao cubo.
Na semana passada fui a Juiz de Fora pela BR-040 que liga Brasília ao Rio de Janeiro passando por BH. Comparada a 381, a 040 é uma Autobahn alemã com 8 pistas de cada lado e iluminada. Alguns trechos são perigosos, mas bem sinalizados, com radar e asfalto bom. A pista é estreita demais para acomodar duas carretas que sao forçadas a colocar as rodas na outra pista aumentando o perigo de acidentes.
O estreitamento de pistas é recorrente na entrada de cidadezinhas como Ressaquinha, onde temos o maior quebra-molas do mundo, Cristiano Otoni, Lafaiete, Congonhas, etc. Nos pontilhões o mesmo procedimento genial se repete. Não adianta pagar os três pedágios até JF, a estrada foi privatizada, mas melhorou minimamente.
O lado bom foram as paradas no Roselanches na ida e no Nosso Pao de Queijo na volta. Saborear uma legítimo iguaria mineira com pernil e queijo curado derretido é um privilégio. No Belleus vindo de ou indo para Monlevade, o pastel de frango com catupiry é um deboche. A empada de frango, idem.
Algumas pérolas pelo caminho:
Fotos: Pedro Silva (21.08.2021)
Conclusão óbvia: as estradas brasileiras são um retrato do país. Mal cuidadas e sinalizadas, perigosas e traiçoeiras, largadas, cheias de buracos e onde a Lei não vale nada. O que vale é a destreza de cada motorista obrigado a pilotar para si e para mais uns vinte. Rezar para que nada aconteça e se chover, melhor parar e esperar.
Até quando?!
A Tábua de Esmeralda
Jorge Benjor é um Universo único
O disco começa com Jorge Benjor, na época ainda Jorge Ben, dizendo que “tem que dançar dançando." Lançado em 1974 é considerado uma das obras primas do artista.
No mesmo ano saíram também “Racional” do Tim Maia e sua viagem furada rumo ao Universo em Desencanto, e também “Gita” do Raul Seixas. Por acaso, este escriba nasceu neste mesmo ano.
O álbum é místico, espiritual, esotérico, fala de deuses astronautas, história antiga (Errare Humanum Est), Grécia, deuses egípcios e, claro, dos alquimistas, além de Hermes Trismegisto.
Fato é que Jorge criou um estilo único, sua marca registrada, e com esse disco garantiu seu lugar entre os grandes da música brasileira e mundial.
Leia aqui uma crítica cabulosa sobre o álbum. Aperte o play!
A Cidade Invisível
O folclore nosso de cada dia
Essa série é muito interessante pois traz para os nossos dias aquelas lendas do folclore tão conhecidas de todos desde a infância. Com sete episódios até o momento é sucesso em mais de 40 países, a segunda temporada já foi confirmada.
O policial ambiental Eric (Marco Pigossi) tenta ligar a aparição de um boto cor-de-rosa morto numa praia do Rio de Janeiro com a morte de sua esposa. Um mundo de entidades mitológicas invisíveis aos seres humanos se descortina em sua frente, tais como a Cuca, o Curupira, a Mula Sem Cabeça, o Saci e outros.
Trabuco
Aqui jaz um podcast
Foram apenas 14 episódios, mas esses três canalhas, Leo Prosa (@prosaleo), Gustavo Ziller (@gziller) e Bernardo Diniz (@bediniz), criaram em mim o hábito de ouvir podcasts.
O bate papo informal com direito a playlist de cada episódio falou bastante sobre música brasileira, folclore, guitarreira, forró, rock, xaxado, os limites entre a sanidade e a loucura, o lado maluco das mentes geniais, o surrealismo fantástico, o blues de Chicago e o do Delta do Mississipi, Robert Johnson, os índios e as influências indígenas na nossa cultura, Ogum, Iansã e a Deusa dos Orixás.
Tem também Martinho, Noriel, Clementina e até João Bosco e uma caralhada de assuntos interessantíssimos.
Mesmo finado ainda vale muito a pena ouvir essa fonte inesgotável de conhecimento. Como os próprios criadores definiram, "Trabuco é um podcast sobre qualquer coisa. Qualquer coisa que combine com música. Prepare-se para boas histórias, descobertas e inigualáveis sons.”
Este foi o último episódio.
Vastas Emoções
Rubem Fonseca num clássico da literatura nacional
A contracapa cumpre o que promete: "... a realidade e a ficção, o sonho e a vigília se confundem numa intrigante história, cuja trama acelerada prenderá o leitor da primeira à última pagina".
Um cineasta fracassado no Rio, pedras preciosas, assassinatos, Berlim antes da queda do muro, o escritor judeu soviético Isaac Bábel fuzilado durante os espurgos stalinistas no final da decada de 1930, sonhos, delírios, passado vindo à tona, sexo sem compromisso e uma narrativa ágil e tensa crescendo na medida certa.
A mesma Berlim onde vivi seis semanas em 2003 aparece viva na Ku'damm, na famosa delicatessen KaDeWe, na ilha dos museus com o Pergamon em destaque, Alexander Platz, Rotes Rathaus (a prefeitura vermelha do lado Oriental), a Friedrichstraße e o Check Point Charlie.
A resenha completa está aqui.
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Hoje com atraso, me desculpe, mas estou de férias.
"to justamente terminando de ouvir o ep1 do Trabuco depois de ler a news"
Miguel Enrique Stedile
"Pedro sensacional! Que bela news cara. Vou atrás do finado Trabuco. O Rubem, o Jorge já estão devidamente consumidos, ao contrário das iguarias mineiras das estradas do inferno, mas um dia passo por lá."
Stotz