Alea Jacta Est #9 – Brasil, o país da Alegria!!!
Bombas de Amor, Caetano, o som do Vinil e Clarice
Salve, salve!!! Salve-se quem puder…
Quem chega na Áustria vindo do Brasil é obrigado a ficar 10 dias de quarentena já que o país está no famigerado Annex 2 dos países onde a variante Delta está deitando o cabelo. Após 5 dias se você testar negativo a quarentena acaba e a Vida continua. Na sexta terminou nossa pausa forçada.
Na edição da semana passada desci a lenha na terrina. Agora farei o contrário.
Sugestão de trilha sonora: o primeiro disco de estúdio do Caetano Veloso “Caetano” de 1967 onde “Alegria, Alegria” aparece pela primeira vez e é o marco inaugural do Tropicalismo.
Tempo médio de leitura: 10 minutos.
Bombas de Amor
Sem Família e Amigos não há Vida
Foto: Pedro Silva, Lagoa Santa, 14/08/2021
“Viver na Europa é bom demais, mas é uma merda. Morar no Brasil é uma merda, mas é bom demais!”, já dizia Tom Jobim. Tem certa razão.
Ver a alegria incontida de avós, tios, tias, primos, primas e parentes de todo tipo no reencontro com meus filhos não tem preço. Fez bem pra todo mundo. É a famosa win-win situation.
A passagem do Tempo fica nítida, inevitável. Todos os dias ficamos um pouquinho mais velhos. Após dois anos e meio sem visitar o Brasil essas marcas ficam ainda mais visíveis.
Mas nada que um café da manhã com saborosas frutas tropicais, pão de queijo, canastra, minas, curado, prato e aquele cafezinho coado já com açúcar não resolvam.
As frutas!!! Se na Europa os morangos, framboesas e berries são uma maravilha, nos Trópicos o abacaxi, manga, mamão, melão, banana, melancia e principalmente o abacate dão o troco com sobras. Se um gringo algum dia comer o abacate brasileiro entrará em depressão quando voltar à rotina e tiver que comer aquele arremedo de fruta.
Nas paradas durante as viagens o cigarrete de queijo e presunto do Roselanches e o pão de queijo com pernil e canastra derretido do Nosso Pão de Queijo ficarão eternamente na memória. E o pastel de frango com catupiry do Belleus na 381? Deveria ser tombado pela Unesco!!!
Os amigos, uns se foram, outros estão cada vez mais próximos. Assim é a Vida. Pra abrir espaço para o novo é preciso oxigenar, deixar uns escaparem por entre os dedos enquanto seguramos os outros com firmeza.
Apesar da pandemia, fizemos um churrasco com todas as precauções. Foi muito bom rever a bandidagem. Até linguiça de tilápia eu comi. Nem sabia que existia.
Minha sorte é tão grande que estava em BH justo na semana de reabertura dos estádios. Pude assistir meu Galo na Libertadores. Primeiro no jogo de ida pela TV na casa de um dos meus irmãos e alguns amigos. Jogo importantíssimo, farra garantida, papo em dia, risadas até doer a barriga.
Jogo de volta in loco, Mineirão com 17 mil presentes, teoricamente todos testados negativo pra entrar no estádio. Na prática, 95% sem usar máscara obrigatória, controle pífio na entrada, testes falsificados. Graças ao bom deus e a Ciência, cumpri os protocolos e me protegi na medida do possível. Jogo épico!
Ainda pude curtir minha mãe, irmão e sobrinhas em casa nos últimos dias. Até num buteco fomos. Mamãe gostou tanto de uma IPA que tungou minha segunda latinha já preparada pra atravessar o oceano. Disse que ia beber qualquer dia desses pra se lembrar de mim.
O Brasil é uma festa!
Caetano & Filhos
Talento vem de família
Em 2019 fomos ver Caetano e seus filhos no show “Ofertório” realizado na icônica Konzerthaus de Viena. É um dos templos da música mundial.
Show acústico, iluminação minimalista, Caê, Moreno, Zeca e Tom em perfeita sintonia. Todos os clássicos e mais alguns. Impecáveis.
Muita gente tem o prazer de criticar, execrar e massacrar Caetano Veloso. Não é dos meus artistas brasileiros favoritos, prefiro o Gil, por exemplo, e acho as letras do Chico melhores e mais profundas. Mas a importância e o talento do filho de Dona Canô na MPB e música mundial são incontestáveis.
Foto: Divulgação / Rafael Berenzinsk
Leia essa entrevista de 2018 com o artista sobre a turnê com os filhos.
E uma palinha do show, este no Le Grand Rex de Paris.
O Som do Vinil
Programa essencial a todos os Brasileiros
Charles Gavin, baterista do Titãs, comanda essa série de vídeos no Canal Brasil mostrando e resgatando álbuns clássicos de artistas brasileiros. Estreou em 2007 e continua até hoje. Tem no YouTube, mas eu ouço sempre o podcast no Spotify.
Veja o site oficial.
O melhor é que não precisa seguir a sequência cronológica. Basta escolher um artista conhecido ou não e aprender um pouquinho mais sobre aquele disco e nossa riquíssima música brasileira.
O legal é ouvir o podcast e logo em seguida o disco analisado. Ouvimos de outra forma após entender o processo de produção, os músicos envolvidos e as histórias de bastidores.
Fiquei bastante impressionado com o talento e a genialidade de Flora Purim, Eumir Deodato, Airto Moreira, marido da Flora que tocou com ninguém menos do que Miles Davis, Egberto Gismonti e tantos outros que conhecia de nome, mas nao tinha ideia da magnitude destes artistas na música mundial.
Meu último foi o da Beth Carvalho e o disco “De Pé No Chão" gravado com a turma do Cacique de Ramos.
Clarice
A mulher enigma em ação
A mulher-pergunta fazendo entrevistas? Claro que ela revelaria muitas coisas, às vezes mais até do que o próprio entrevistado.
Gente do naipe de Bibi Ferreira, Chico Buarque, Elis Regina, Érico Veríssimo (pai do Luís Fernando), Fernando Sabino, Hélio Pellegrino (uma das mais profundas), João Saldanha, Jorge Amado, Millôr Fernandes, Oscar Niemeyer, Pablo Neruda (uma das piores), Paulo Autran, Rubem Braga, Tarcísio Meira, Tom Jobim, Vinícius de Moraes (que deu uma cantada em Clarice, claro), Zagalo e tantos outros.
A maioria das entrevistas foi feita nos anos 70. Zagalo, com um só L por exemplo, ainda era técnico do Botafogo e João Saldanha o então treinador da seleção tricampeã em 1970.
Um livro eclético, mas com conteúdo profundo e de alta qualidade. Agora estou preparado para ler os livros de Clarice mais cabeçudos, por assim dizer.
Se quiser ler a resenha completa clique aqui.
Por obra do acaso no citado disco “Caetano” temos a faixa “Clarice”.
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Saindo hoje com dois dias de atraso, me desculpe. Teve uma mudança de casa no meio do caminho.
"Nao era sexta?
Li
Gostei
Mas vem perdendo qualidade
Talvez por um aspecto de obrigação.
Acordei do cochilo agora
Pode ser isso."
anônimo
"Bacana demais... ir para o Brasil é revigorante. É uma merda, mas é bom pracarai. Vc é um sortudo de ver o Galo no Mineirão. E o cigarrete do Roselanche merece um estátua na entrada de Barbacena. Com um Mate Couro."
darciley