Há 30 anos não havia essa parafernália tecnológica que acabou com nossa privacidade. Telefones inteligentes, os malditos smartphones, registram e divulgam tudo.
Se existissem em 1994, no mês de abril, provavelmente algum colega de faculdade teria feito fotos e vídeos da minha presença constante no DCE. Ali a sinuca era coisa séria e o totó, vulgo pebolim, também.
Tinha até torcida quando uma ou outra partida fazia o ar rarefeito e a tensão crescia na medida em que as bolas desapareciam no carpete verde a cada tacada. Não havia bebida alcoólica pois era de manhã, mas tinha muita fumaça. Não a que você pensou, mas de nicotina mesmo. Eu nunca fumei.
Nesses dias minha maior preocupação era não pegar fila no Taioba pra comprar aquele pão de queijo recheado com fartas fatias de lombo acompanhado de uma limonada suíça. O desfile de beldades cursando Administração só melhorava o cenário.
Sem trabalhar, casa, comida, roupa lavada, sem namorada, carro e maiores responsabilidades, bastava sentar a bunda na cadeira, prestar atenção nas aulas, estudar, tirar boas notas e garantir o canudo ao final de 5+ anos. Mas nem isso eu fazia... que vergonha!
Me lembrei de ter cursado "Introdução à Programação de Computadores", o famigerado IPC, e depois, não satisfeito, tive a pachorra de insistir e cursar ProCom ou "Programação de Computadores".
Se me lembrei dos cursos, hoje não me vem à memória absolutamente nada do conteúdo. Apenas que era um porre de segunda a quinta, longe pra dedéu, pois era no campus da Federal na Pampulha, e eu ia de carona com o Butina, amigo de fé e irmão camarada.
Vista aérea do Campus da UFMG na Pampulha, Belo Horizonte
Uma vez pegamos uma chuva na estradinha dentro da floresta da UFMG que parecia o fim do mundo. O carro dele rodou nas pedras molhadas e rodopiou algumas vezes até parar sem estrago algum. Sobrevivemos pra assistir à aula que começava às 19h e ia até as 22h. Várias vezes saímos antes pra ir ao Mineirão ver o Galo jogar. Foram os melhores dias.
Nessa época gloriosa tinha também os boliches no Del Rey em plena manhã de terça, matando aula, claro. Os rangos homéricos no Recanto Verde e aquele macarrão à bolonhesa servido em travessa de metal com cerva gelada no copo lagoinha.
O Brasil ainda seria tetra no meio daquele distante 1994. Mesmo estando no 2° ano de faculdade, a Vida era como no colégio só que com novos amigos, mais liberdade e independência. E também muita irresponsabilidade.
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